エピソード

  • TÍNHAMOS PELÉ, COUTINHO, MENGÁLVIO, EU. AGORA? É SÓ NEYMAR.'
    2025/06/03

    "Pode apostar nesse menino. Ele vai dar o que falar."

    Foi assim, a apresentação de Jonas Eduardo Américo na Vila Belmiro, em 1964, à direção do Santos. E as palavras foram ouvidas com muita atenção. Elas saíram da boca de Pelé. E ele acertou em cheio, ao falar do garoto de 14 anos, que descobriu em Jaú.

    Dois anos depois, já era seu companheiro de Santos. E de Copa do Mundo. O mais jovem brasileiro a ir a um Mundial, com apenas 16 anos.

    Edu foi um fenômeno. Teve uma carreira impressionante. Seus dribles curtos, sua sede de gols, a visão de jogo. Foram dez anos espetaculares no Santos.

    A France Football o escolheu como melhor ponta esquerda do mundo em 1968 e 1969.

    "Nós tínhamos uma equipe maravilhosa. A começar por Pelé. Jogar ao seu lado era impressionante. Ele antevia todos os lances. Era sério, determinado. A fome de gols e de vitórias que ele tinha nos contagiava. Conseguimos formar um dos melhores times de todos os tempos.

    "Só não ganhamos mais Libertadores e Mundiais porque os nossos presidentes queriam dinheiro. E as excursões pelo mundo era muito lucrativas. Entrávamos em campo sabendo que íamos vencer. O Santos ganhou muito, mas muito dinheiro. Era para ser hoje o clube mais rico do país. Por que essa fase, que durou anos, com dinheiro entrando sem parar, não refletiu em infraestrutura? A culpa é de quem administrou o Santos. Em campo, fizemos de tudo. Dinheiro veio e muito."

    Edu, além de driblador, era artilheiro.

    Marcou 189 gols com camisa santista. Foi convocado para três Copas do Mundo. Mas esse é um assunto que o amargura. 'A primeira não joguei, em 1966, por ser jovem demais. Na segunda, foi por causa do esquema tático do Zagallo. Fui titular as Eliminatórias inteiras, com João Saldanha. Em 1974, não tem explicação, a não ser a perseguição de Zagallo que, além de privilegiar os cariocas, não gostava de mim. Me convocou por obrigação, mas não me escalou. Foi muita injustiça e o Wendel me segurou quando o xinguei e fui cobrar essa perseguição.'

    Edu saiu do Santos por se desentender com dirigentes. Foi para o Corinthians, campeão de 1977. Mas sentiu os jogadores divididos 'em panelas'. Foi para o Inter. De lá, para seis anos no Tigres, do México. Jogou nos Estados Unidos, no Tampa Bay. Voltou para encerrar a carreira no São Cristóvão, Nacional e Dom Bosco.

    Aos 75 anos, segue como um dos embaixadores do Santos, em vários eventos pelo mundo.

    E acompanha com imensa preocupação os últimos anos do seu time de coração.

    "Chorei muito em 2023, quando o Santos foi rebaixado. Saí andando sem rumo, do estádio.

    "Agora, de novo, estou muito preocupado.

    "A situação é complicada e o peso está todo no Neymar. Ele é um jogador excepcional. Mas está sozinho. Nós tínhamos Pelé, Mengálvio, Toninho, Carlos Alberto, Clodoaldo, eu...

    "Agora? É só o Neymar.

    "O Santos não pode ser rebaixado de novo. Não quero nem pensar nas consequências. É triste. Nunca pensei que esse clube, que conquistamos tanto, iria estar nessa situação."

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  • 'ZAGALLO PERDEU A COPA DE 74. FICOU COM MEDO DE ESCALAR NÓS SEIS, DO PALMEIRAS.'
    2025/05/27

    Leão, Luís Pereira, Alfredo, Ademir da Guia, Leivinha e César Maluco.

    Esses foram os seis jogadores, que atuavam no Palmeiras bicampeão brasileiro. E que foram para a Alemanha, disputar a Copa do Mundo de 1974. Eles tinham convicção que atuariam juntos, formariam a base da Seleção na busca do tetracampeonato.

    "Era a coisa mais lógica a fazer. Como tinha acontecido com o Santos e Botafogo, no Mundiais de 58 e 62. Mas o bairrismo pesou. O Zagallo preferiu fazer média com o Rio de Janeiro. O Brandão, que era treinador do Palmeiras, me falou na Alemanha: volta para o Brasil, porque você não vai jogar. Só o Leão e o Luís Pereira vão ser titulares. Não querem que o Palmeiras ganhe o tricampeonato brasileiro. Eu deveria ter voltado, ir embora", desabafa, César, em entrevista exclusiva.

    Aos 80 anos, ele não tem nada de maluco.

    "Detestava esse apelido. Foi o José Geraldo de Almeida, narrador famoso, na década de 60, quem deu. Porque eu gostava de comemorar meus gols subindo no alambrado, com os torcedores. Eu sempre fui uma pessoa alegre, expansiva. Queria a celebração, a emoção do gol."

    César teve o privilégio de jogar nos dois fantásticos times do Palmeiras que mereceram o apelido de Academia.

    "Era muito talento junto. Primeiro, Valdir de Morais, Djalma Dias, Djalma Santos, Julinho, Ademir, Servílio, Tupãzinho, eu. Depois, Leão, Eurico, Luís Pereira, Alfredo e Zeca; Dudu e Ademir; Edu, Leivinha, César e Ney. Juntou talento, dedicação, treinamento sério e entrosamento. Sabia, sem enxergar, a movimentação do time. Como a bola viria para eu concluir. Sou o maior artilheiro vivo da história do Palmeiras, com 194 gols." Faria mais, se não fosse suspenso por 11 meses, ao tentar dar cabeçada em um árbitro. Só fica atrás de Heitor, com 323, que jogou entre 1916 e 1931.

    Carioca de Niterói, César chegou ao Palestra Itália por empréstimo do Flamengo. Foi muito bem. O time carioca o quis de volta. Só que o Palmeiras decidiu comprá-lo. Insistiu e o trouxe para ficar. Foram, no total, oito anos com a camisa verde. Ganhou cinco Brasileiros. Dois Paulistas. Foi um grande ídolo.

    "Eu sempre gostei muito de viver. Morava no hotel Normandia, onde ficavam os cantores da Jovem Guarda. Conversava com o Raul Seixas. Vivia... Adorava a boate La Licorne. Era um bordel chic.

    "A dona, uma cafetina, se apaixonou por mim. Ela soube que eu iria casar. E foi, desesperada, para a Alemanha. Me ofereceu 15 mil dólares e uma Mercedes para que eu ficasse com ela. Em plena Copa do Mundo. Uma loucura. Não aceitei, lógico. E casei."

    César teve proposta do Real Madrid, depois de o Palmeiras ter vencido o torneio de Ramón de Carranza, em 1974.

    "O Palmeiras disse que eu era inegociável. Só que eu briguei com o Brandão. O técnico se juntou ao Nelson Duque, que era dirigente, e resolveram me vender para o Corinthians. Sem eu saber. Não havia lei do passe. Jogador era escravo. Eu fui para lá como punição. Um clube gigante. Mas justo o maior rival. Adorava fazer gol contra ele.

    "Não deu certo. Me chamavam de 'porco' nos treinos. Um dia, perdi a cabeça e bati em uns moleques de 18 anos. Um deles era filho de um diretor e fui embora do Corinthians. Nunca quis ter ido para lá."

    Acabou no Santos, Pelé quase o levou para o Cosmos. Vieram as contusões, que o atrapalharam.

    Depois, passou pelo Fluminense, Botafogo de Ribeirão Preto, Rio Negro e Aris, da Grécia.

    "Fui muito feliz no futebol. Dei casa para o meu pai e minha mãe. Cuidei da minha família. Conheci o mundo. Fui ídolo. Se pudesse voltar, faria tudo de novo.

    "E com uma certeza.

    " Nasci para o Palmeiras."

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  • 'MEU BICHO DE ESTIMAÇÃO ERA UM LEÃO. PELÉ PEDIU PARA EU MANEIRAR. PERDI MILHÕES.'
    2025/05/20

    "Quando chegava virado, da farra, pegava o Simba, que era meu leão, e ia com ele para o treino na Ponte Preta. Subia no campo e o deixava lá. Voltava para o vestiário para dormir. O treino não começava, porque todos ficavam com medo do Simba. E eu dormia um pouco. Depois ia pegá-lo e o colocava no meu carro.

    "O Pelé foi no meu apartamento. Estava fazendo mais uma festança. Ele me disse: 'em vez de comprar um apartamento, eu coloquei o meu dinheiro e te comprei para o Santos. Você precisa maneirar'. Segurei por alguns dias, depois voltei para a farra."

    Meia talentoso, driblador, com excelente visão de jogo. Instintivo.

    Diferenciado, em uma época repleta de talentos no futebol brasileiro.

    Pré-convocado para a Seleção, em 2001.

    Santos, Corinthians e, principalmente, a Ponte Preta, onde foi grande ídolo, deram holofotes, dinheiro, a chance de ter uma vida incrível e jamais sonhada para um filho de caminhoneiro.

    "Sem orientação, errei. Perdi chances incríveis que jamais sonhei. Desperdicei. Fui do céu ao inferno. Depois, quando perdi o futebol, me afundei."

    A vida de Reginaldo Rivelino Jandoso, nome de craque até no nome, é impressionante.

    Mais ainda a coragem desse homem de 51 anos em assumir o que viveu.

    A relação dificílima com o pai, que chegava a amarrá-lo para não jogar futebol, quando menino.

    O talento explodiu na Inter de Limeira, a ponto de Pelé, aconselhado por Pepe, comprá-lo e reservar a sua camisa 10. do Santos, para ele.

    O deslumbramento com dinheiro, mulheres, bebidas e carros de luxo.

    'Eu tinha 20 anos e sentia que tinha o mundo à disposição. Aproveitei. Mas me perdi.'

    Fez história nos oito anos da Ponte Preta. Foi contratado pelo Corinthians, por ninguém menos que Rivellino. Acabou sabotado. Teve 22 trocas de clubes. Jogou na Grécia.

    Desperdiçou os milhões que passou por suas mãos. Descontou no álcool. Desesperado, com o fim da carreira, fim do dinheiro, foi convencido a roubar bancos. Acabou preso.

    'Errei feio, vivi o inferno, que são as prisões no Brasil. Descobri Deus. Paguei minha dívida com a sociedade. E agora a tenho a missão de descobrir e, principalmente, orientar novos talentos. Para que não cometam os erros que cometi."

    Piá deu a mais crua e profunda entrevista deste canal...


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    2 時間 18 分
  • 'QUIS O SÃO PAULO. DISSE NÃO AO REAL MADRID. ACERTEI.'
    2025/05/13

    "Para sair do Nacional, queria o melhor futebol do mundo.

    "Na época, o Brasil era 'o' Brasil. Ou seja, o melhor entre os melhores.

    "E a proposta era do gigante São Paulo, clube vencedor. Onde jogou o ídolo de todo uruguaio, o Pedro Rocha. Aceitei, lógico.

    Alfonso Dario Pereyra Bueno.

    De futebol tão refinado que ganhou, por todo merecimento, o apelido de 'Don' Dario Pereyra. 'Don', precedendo o nome, é uma forma de tratamento, em espanhol, reservado à elite.

    E Dario Pereyra mereceu.

    Foi contratado pelo São Paulo para ser o sucessor de Pedro Rocha, que vivia seus últimos momentos no clube, em 1977. Era visto como a principal revelação uruguaia. Misturava personalidade forte, técnica e muita garra.

    Volante talentoso, jogava com a camisa 10 e faixa de capitão na Seleção Uruguaia. Aos 18 anos!

    Chegou no São Paulo e já fez história.

    Venceu o primeiro brasileiro do clube, em 1977.

    Mas depois dessa conquista, Dario sofreu. E muito. Ficou um jogador marcado por lesões. Jornalistas questionavam se ele não teria problemas crônicos. Ou psicológicos.

    "Só falavam das minhas 'dolores', dores, em espanhol. E eu tinha mesmo. Fortíssimas dores musculares, distensões. O meu problema era alimentação. Eu estava sozinho no Brasil, em uma casa que me deixaram com outros jogadores. Havia uma funcionária que só fazia arroz, feijão e carne de panela. Todos os dias. Eu estava acostumado a muitos legumes, carnes grelhadas, ovos, verduras, alimentação balanceada. Tudo acabou quando trouxe minha família para São Paulo. E passei a me alimentar como estava acostumado no Uruguai."

    Carlos Alberto Silva foi fundamental na sua vida. Assim como o acaso. Gassem, o quarto zagueiro, estava contundido. "Ele me perguntou se eu poderia deixar de ser meio-campista e jogar na zaga. Disse que sim. E nunca mais saí de lá. Formei uma dupla maravilhosa com o Oscar. Nós nos completávamos."

    Quem revelou o segredo do sucesso de Dario Pereira foi outro craque imortal. Ademir da Guia. "Ele era um excelente jogador de meio-campo, com enorme visão de jogo. Atuando como zagueiro, ele pegava a bola de frente e enxergava toda a movimentação, a distribuição do time adversário. Com sua técnica já começava desequilibrando a partida para o São Paulo."

    Para completar, tinha uma impulsão fora de série e antecipação marcante, não precisava dar pontapés. Ele antecipava os passes para os atacantes adversários e saía jogando.

    Foram 11 anos no São Paulo e seis títulos. Com a direção recusando várias propostas do Exterior. "Eu tive sorte porque peguei três gerações sensacionais. A primeira, campeã brasileira, do Minelli. A segunda, bicampeã, em 1986, do Pepe, muito técnica, com Careca, Oscar. E os 'Menudos', com Müller, Silas, Sidney e o Cilinho comandando."

    Dario revela que não ganhou Libertadores com o São Paulo porque o clube não priorizava a competição. 'Era disputada ao mesmo tempo que o Paulista, no primeiro semestre. Não tinha o mesmo valor que hoje. Não tinha transmissão pela tevê. Os juízes nos roubavam. Eram muitas agressões. Não tinha antidoping. Era só desgaste e não valia a pena. Potencial para ganhar, o São Paulo teve naquela época. Mas não era prioridade."

    Depois de marcar época no São Paulo, Dario passou pelo São Paulo, Palmeiras e terminou a carreira no Matsushita Electric, atual Gamba Osaka, no Japão.

    Se aventurou como treinador, por 18 anos. Foi campeão mineiro pelo Atlético. Mas a falta de um empresário, escolhas erradas e fases dos clubes se juntaram para atrapalhar sua trajetória. Mesmo assim revelou jogadores como Denilson.

    Aos 68 anos, Dario segue completamente identificado com o São Paulo. É um dos maiores ídolos da história do clube. Com todo merecimento.

    "Eu não me arrependo de ter dito não ao Real Madrid.

    "Escolhi o São Paulo e escolheria de novo.

    "O Brasil era o Brasil, do melhor futebol do mundo.

    "E o melhor clube do Brasil era o São Paulo. E ainda é"...

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    2 時間 7 分
  • 'VI TODO O DRAMA. RONALDO TEVE CONVULSÕES. ZAGALLO NÃO SUPORTOU A PRESSÃO. E O ESCALOU.'
    2025/05/06

    Ricardo Setyon foi testemunha do caso mais mal contado do futebol brasileiro.

    Um dos jornalistas de maior currículo deste país.

    Psicólogo, formado em Ciências Políticas, poliglota.

    Professor de gestão do Esporte.

    Toda essa bagagem o levou a trabalhar na Fifa, por 15 anos.

    Cobriu guerras, viveu a Fórmula 1, colaborou para jornais, revistas e sites do Japão, França, Espanha. Trabalhou em rádio, tevê, portais. Viajou o mundo todo. Morou em vários lugares.

    Sua alma inquieta não o deixa fixar em um local.

    Freelancer é a expressão que melhor o define.

    Ele quer cobrir torneios, jogos, corridas, guerras, o veículo não importa.

    Mas a história que ele não escapa é a final da Copa de 1998.

    Desta vez, Setyon destrinchou como nunca o que aconteceu, naquele 12 de julho de 1998, em Paris, no estádio Saint-Denis.

    Ele era chefe de Mídia da Fifa, só para a Seleção Brasileira.

    E frequentava os bastidores da Seleção, para desespero do então presidente da CBF, Ricardo Teixeira, que não tinha o controle sobre ele.

    São tantas histórias... Mas é melhor se fixar sobre o 'episódio Ronaldo'.

    Setyon tinha total acesso à concentração brasileira em Ozoir-la-Ferrière, 'cidadezinha' ao lado de Paris. A Seleção se hospedava em um castelo. E ele acompanhou o que Ronaldo viveu.

    "Ele estava extremamente tenso por tudo que acontecia na sua vida pessoal. (Sua mãe e seu pai estavam separados, com namorados, convivendo na mesma casa. Telefonavam diariamente para ele, contando brigas. Ele tinha ciúmes, pela namorada Susana Werner fazer inúmeras matérias com Pedro Bial.)

    "O Roberto Carlos e o Ronaldo estavam no mesmo quarto.

    "Eles sempre foram muito amigos, se tratavam por 'lixo', brincando. O Ronaldo deitou. O Roberto Carlos começa a chamá-lo para se preparar para o jogo. Quando ele cai da cama e começa a convulsionar, roxo. Aí, chegam Edmundo, Leonardo. Há um caos generalizado e o Ronaldo acorda.

    "É levado para a clínica Lilas (ortopédica) em Paris. Sim, ele foi levado por um ortopedista. E não o médico principal (Lídio Toledo). E que não fala inglês e nem francês. O Ronaldo faz uma bateria de exames. Os jogadores se preparam para a final. O Zagallo escala o Edmundo. Estava tudo pronto. Mas aí, o Ronaldo chega. Pálido. E diz para o Zagallo 'Professor, vou jogar."

    "O Zagallo já tinha passado para a Fifa a escalação, que foi distribuída para jornalistas de todo o planeta. Ele não suporta a pressão de não colocar em campo o melhor jogador do mundo. E o escala. Edmundo fica revoltado.

    "Mas o pior foi a reação dos outros jogadores titulares. Todos assustados. O Brasil entrou derrotado para a final da Copa do Mundo de 1998. Os companheiros viram as convulsões de Ronaldo. E tinham medo que ele fosse morrer durante o jogo. Acabou a concentração para a partida. O resultado foi 3 a 0 para os franceses. Com Ronaldo chorando no ombro do Zidane."

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    1 時間 37 分
  • 'CHOREI, POR NÃO TER IDO À COPA DE 2002. EU MERECIA. NEM VI OS JOGOS. FELIPÃO FOI INJUSTO COMIGO'
    2025/04/22

    Alex é muito racional.

    Firme, sério.

    Nas atitudes, nas palavras.

    Desde quando teve de escolher jogar no Corinthians ou no Palmeiras, aos 20 anos.

    A opção foi dele: a proposta que chegou ao Coritiba foi a mesma.

    Analisou a Parmalat e o Excel e a disputa que teria pela posição.

    Venceu o Palestra Itália, para desespero da direção corintiana.

    Sabe que é um dos grandes ídolos da história de dois gigantes brasileiros. E eterno, para a equipe que divide Istambul.

    Mas por trás da persona dura que criou, para viver no ambiente, muitas vezes, peçonhento do futebol, há uma pessoa sensível.

    Seus amigos no futebol revelam, que as emoções, ele sempre deixou para os poucos muito íntimos.

    "Sou filho de pessoas simples. Meu pai era pintor de paredes e minha mãe, cozinheira. Tive de enfrentar, como garoto, pressão enorme de jogar em clubes grandes como o Coritiba e o Palmeiras, ainda menino. Me dedicar ao máximo em campo, nos treinos, não basta. É preciso desenvolver o lado psicológico. O que é muito mais difícil. Ainda mais naquela época."

    Menino, mostrou talento jogando futebol em um campo na periferia de Curitiba, que tinha de dividir com sapos. Enfrentou a peneira para jogar no Coritiba. E rapidamente já estava nas Seleções de base.

    Resumir a carreira de Alex é impossível, em um texto curto. 20 títulos. Mais de 400 gols, 600 assistências. Meia brasileiro, só não fez mais gols que seu ídolo Zico. Se a Fifa e a France Football fossem justas, deveria ter brigado pelo troféu de melhor do mundo, em 2003, pelo Cruzeiro.

    Mas a conquista da Libertadores de 1999 pelo Palmeiras foi épica. Sua partida maravilhosa na semifinal, eliminando um dos melhores River Plate da história, não pode ser esquecida.

    Assim como a covarde perseguição de parte da imprensa. Como outros jogadores, Alex teve partidas irregulares. A cobrança no Palmeiras, bancado pela Parmalat, sempre foi exagerada. Pela seleção de atletas que conseguiu montar.

    'Um jornalista quis fazer graça e me chamou de Alexsotan. (Referência ao calmante Lexotan. Alex não quis dizer o nome. Mas foi Dalmo Pessoa, que trabalhava na TV Gazeta). Isso me prejudicou muito. Foi duro. Pessoas maldosas se aproveitavam. Eu não fui formado para recompor. Era meia armador, que recebia a bola. Mas me adaptei. Tive a chance de falar com essa pessoa, olhos nos olhos. E ela entendeu o mal que havia feito.'

    Alex não esquece a não ida para a Copa de 2002. Felipão era o técnico com quem ganhou a primeira Libertadores da história do Palmeiras.

    "Bom, primeiro, quem me indicou para o Palmeiras foi o Telê Santana. Não sei se seria escolhido pelo Felipe. Disputei os jogos das Eliminatórias com o Vanderlei Luxemburgo. Estava certo da chamada. Ainda mais com Djalminha fora, por ter brigado com seu técnico. Depois, o Emerson é cortado e vai o Ricardinho. Felipe disse que a escolha foi dele. Respeito. Mas foi injusta. Fiquei muito mal. Chorei. Nem vi os jogos da Copa."

    A passagem relâmpago no Flamengo? A maestria raivosa no Cruzeiro, vencedor da Tríplice Coroa? A idolatria absurda no Fenerbhaçe, com direito a estátua do tamanho natural, feita para um estrangeiro, na nacionalista Turquia?

    Sua trajetória brilhante como comentarista da ESPN/Brasil? Só acompanhando a entrevista.

    Vale destacar, no entanto, o seu estudo profundo, a visão moderna como treinador. Treinando o sub-20 do São Paulo, foi vice brasileiro. E levou o time à semifinal da Copa São Paulo. E ainda revelou jogadores que renderam mais de R$ 100 milhões ao clube.

    Estava sendo preparado para técnico do time principal. Mas se sentiu pronto para o profissional. Foi para o Avaí e Antalyaspor, da Turquia. Foi enganado duas vezes, por direções que prometeram contratações que não vieram.

    "Foram duras lições. Mas aprendo rápido. Vou seguir como técnico. Quero trabalhar em parceira com um clube com filosofia de trabalho, estrutura. E me juntar a pessoas sérias. Sinto que tenho condições de crescer muito na profissão."

    Alguém ainda duvida de Alex de Souza?

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    2 時間 30 分
  • Argel:'CHORAR EM CAMPO? NO PALMEIRAS, NA FINAL DA LIBERTADORES DE 2000. TRISTE DEMAIS!'
    2025/04/15

    Argel se define como 'sanguíneo'. "Fui guerreiro, batalhador. Lutava, dava a alma. Chegava duro. Ninguém se impunha comigo, não. Mas era leal. Nunca fui violento."Torcedores do Internacional, Tokyo Verdy, Santos, Porto, Palmeiras, Benfica, Racing Santander, Cruzeiro, Ulbra e Zhejiang Lucheng,da China, não têm como negar.Zagueiro, que chegou até a Seleção Brasileira, sempre se doou como um guerreiro em um campo de futebol. 'Dava até a última gota de sangue em cada jogo, em cada treino. Por um motivo que não poderia ficar expondo. Meu pai foi assassinado quando eu tinha 18 anos. "Me vi responsável por toda a minha família. Sabia que do meu futebol dependia o sustento dos meus. E assumi toda essa carga para mim. O que foi uma pressão psicológica enorme. Daí a minha entrega. E consegui cuidar de todos. Meu grande orgulho, formar o meu irmão médico."Apesar de toda a relação de coração com o Internacional, Argel primeiro fez dois meses de testes no Grêmio. 'Fui bem, mas disseram que não poderiam me oferecer alojamento. Eu sou de Santa Rosa, cidade do interior do Rio Grande. Fui para o Inter e me encontrei. Logo fui para a Seleção Brasileira. E campeão mundial sub-20. Daí a minha carreira explodiu. Só que sofri o choque da perda do meu pai.'Argel é uma pessoa muito direta. 'Meu pai foi tudo para mim. Ele que quis que eu jogasse futebol. Insistia que eu seria um grande jogador, iria para o Exterior, para a Seleção. Ele era muito alegre. E adorava dançar no clube de Santa Rosa. Uma noite se desentendeu com uma pessoa, que estava armada. E foi assassinado. Eu tinha 18 anos. O que poderia fazer? Assumi toda a responsabilidade da minha família. Joguei pelos meus e pelo sonho do meu pai. Minha vida mudou. Eu mudei."Ganhou 11 títulos, pelo Inter, Santos, Palmeiras, Porto, Benfica. Mas lembra muito bem a final da Libertadores de 2000."Me doeu muito. Chorei demais. Tínhamos toda a chance de ganhar do Boca, diante da nossa torcida. O Morumbi estava lotado. Bastava ganhar. Empatamos e perdemos nos pênaltis. Fizemos de tudo. Mas faltou definir o jogo."No ano seguinte, a Parmalat se preparava para sair do Palmeiras. Mas o time chegou à semifinal da Libertadores. Argel estava vendido para o Benfica. 'Me apresentei em Lisboa, quando o Celso Roth disse que precisava de mim. Se eu me machucasse seria um caos. Fiquei na reserva, como precaução. Entrei aos 30 do segundo tempo. Mas perdemos, de novo, nos pênaltis. Foi terrível. De novo para o Boca!"Chegou a ser convocado para amistoso da Seleção, mas não teve sequência.Dois meses. Foi o prazo máximo que Argel ficou longe do futebol, depois que parou. Ele decidiu trabalhar como técnico. Já são 17 anos como treinador."Tive escola. Trabalhei com Trapattoni, Mourinho, Camacho, Felipão, Abel Braga, Antônio Lopes. Fui campeão gaúcho, da Recopa Gaúcha. Catarinense e baiano", avisa, com orgulho. 'E digo mais, se eu ficasse no Inter em 2016, o clube não seria rebaixado."Argel caiu em um redemoinho de clubes, intenso demais. Foram 33 trocas. "Com certeza aceitei convites que não deveria. Mas guerreiro não sabe ficar sem batalhar. Agora, com 50 anos, vou pensar com calma, nos convites que receber. Porque só sei de uma coisa. Não consigo ficar sem trabalhar. Isso, não..."

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    1 時間 58 分
  • Rosemiro: 'Osmar Santos me chamava de namoradinho da Raquel Welch. Era ruim. Minha família sofria.'
    2025/04/02

    Seu nome é inesquecível para a torcida do Palmeiras.

    Rosemiro.

    Um dos melhores da história do Parque Antártica.

    Taticamente pelo menos 30 anos à frente do seu tempo. Atuou entre 1975 e 1980 com a camisa verde. Foram cerca de 300 partidas.

    "Eu não era um lateral comum, de só marcar, nem passar do meio-campo. Durante o jogo, exercia, duas, três funções táticas. Era lateral, volante, ponta. As pessoas se espantavam na época. Muitos jornalistas nem entendiam o que eu fazia.

    "Mas há explicação. Quem me formou taticamente, na Seleção Olímpica, foi Cláudio Coutinho, um gênio. Depois peguei pela frente o Oswaldo Brandão, sensacional no comando de um grupo. E, finalmente, o Telê Santana, que antevia os jogos, a movimentação do adversário e adorava montar times ofensivos, poderosos."

    Aos 71 anos, Rosemiro segue com a memória viva e um corpo atlético. Dono de preparo físico incrível, quando jogava, viveu muitas histórias importantes.

    E generoso, repare algumas.

    "O Jorge Mendonça era meu grande amigo no Palmeiras. Veio de Pernambuco e acabou se perdendo na noite de São Paulo. Virou alcoólatra. Várias vezes chegava no treino virado, das noitadas.

    "O Telê Santana era muito rígido. E eu me coloquei várias vezes contra o Telê, que queria punir o Jorge. Ele precisava de ajuda, não de punições. Irritei tanto o Telê que, quando ele assumiu a Seleção Brasileira, foi muito homem.

    "Me chamou para conversar e disse que não me levaria para a Copa do Mundo de 1982, apesar de eu merecer pelo que fazia em campo. Mas não poderia ter no grupo um jogador que o desrespeitava. Entendi e não me arrependo. Defenderia de novo, meu amigo Jorge Mendonça."

    Rosemiro lembra também a espetacular semifinal do Brasileiro entre Palmeiras e Internacional. 'Tínhamos empatado em Porto Alegre, em 1 a 1. No Morumbi lotado de palmeirenses, tínhamos a chance de jogar com inteligência. Mas o Telê Santana só pensou no ataque. Nós jogamos abertos. Havia uma polêmica criada pela imprensa paulista, antes do jogo: quem era melhor? Mococa, nosso volante. Ou Falcão?

    "O resultado de Telê ter colocado o Palmeiras aberto. 3 a 2 Internacional. Com dois gols do Falcão, que teve uma atuação sensacional.

    "O Telê sempre desprezou a chance de empatar jogos, mesmo sendo melhor para o time, para a Seleção. Por isso não estranhei a derrota contra a Itália na Copa de 1982. O Brasil atacando quando o empate bastava."

    Rosemiro, paraense, sentiu o choque da cidade grande, de São Paulo. O pior foi o apelido irônico que o grande narrador Osmar Santos decidiu colocar no lateral. 'Namoradinho de Raquel Welch', por seu rosto não ser bonito.

    "Foi ruim. Gosto muito do Osmar, sei que ele não fez por mal. Mas ela doloroso. Principalmente para a minha família. Mas já passou."

    Rosemiro também não esquece a Olimpíada de 1984. "Ficamos seis meses no preparando. Ganhamos o Panamericano. Tínhamos um timaço. Com Carlos, da Ponte, Júnior, do Flamengo, Batista, do Inter, Edinho, do Fluminense, Marinho, Botafogo.

    "Ganhamos dos times da nossa idade, até 21 anos, éramos 'amadores'. Todos com 'contrato de gaveta'. Eu já era do Palmeiras, comprado do Remo. Só que enfrentamos os 'amadores' da Cortina de Ferro. Lá diziam que não existia o 'futebol profissional'. Enfrentamos jogadores de 28, 30, 31 anos. Aí, não deu. Perdemos para a Polônia e para a União Soviética. Fomos quartos colocados.

    "O Coutinho foi nosso técnico. O governo (ditadura) nos apoiou. Queria a medalha de ouro. Treinamos por seis meses, mas não conseguimos."

    Rosemiro lembra que chegou ao Palmeiras no fim da segunda Academia. Foi uma pena. Venderam o Luís Pereira e o Leivinha para o Atlético de Madrid. O time sensacional estava sendo desfeito. Jogadores envelheceram. Ganhamos só o Paulista de 1976.

    "E a direção errou muito. Daí o jejum de 16 anos sem títulos. Hoje, o Palmeiras está espetacular. Mas na minha época, os dirigentes se sabotavam. A oposição sabotava a situação. O reflexo caía no time. Foi um desperdício."

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