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Numa crítica hilária às autoridades brasileiras, o conto "Como o 'homem' chegou" tem por enredo a viagem excêntrica e surreal de um condenado de Manaus ao Rio de Janeiro. Lima Barreto aqui faz uso de verdadeiras caricaturas para alfinetar diversos níveis de poder, denunciando os males de seu abuso por meio de uma narrativa irônica.

Uma narrativa dentro de outra narrativa: eis o que o leitor encontra nesse conto singular de Lima Barreto, intitulado "Dentes negros e cabelos azuis", elementos que caracterizam também o protagonista do conto escrito pelo personagem Gabriel e lido ao narrador. A angústia, a solidão e o desespero do personagem criado se opõem à satisfação de seu criador. É ler e deleitar-se com a mestria de Lima Barreto.

Nessa crônica irônica, verdadeiro retrato da sociedade brasileira da virada do século XIX para o século XX, Lima Barreto concentra sua atenção nos chamados "voluntários da pátria"... e em suas demandas singulares junto ao governo! Figuras como Agostinho Petra Bittencourt, José Carlos Vital e José Dias de Oliveira tonam-se caricaturas nas letras hábeis do autor.

O advogado Felismino Praxedes Itapiru da Silva chega ao Rio de Janeiro, vindo do Nordeste do Brasil, contando vantagens, arrogante e presunçoso. Não assume casos criminais por acreditar que o Direito Penal é inferior aos demais ramos. No entanto, eis que assume a defesa do pobre "Casaca", empregado do professor Campos Bandeira e suspeito justamente de tentar matar o patrão. Por que a mudança de opinião do Dr. Praxedes? É o que o leitor descobrirá neste intrigante conto de Lima Barreto.

No conto "Um Especialista", Lima Barreto aborda um tema explorado esporadicamente na literatura realista: o incesto (outro exemplo é o romance "O Mistério da Rua das Flores", de Eça de Queirós). Aqui, o leitor encontra a história do personagem Mota, um português rico, sem filhos, viúvo e bon vivant. Um dia, ele se apaixona por Alice e eles começam a namorar... É ler para descobrir o que acontece ao casal.

O delicioso conto "A Nova Califórnia", de Lima Barreto, tem por tema a alquimia. Com enredo construído sob o signo da excelência de Lima Barreto, conta como a população da pacata cidadezinha de Tubiacanga se vê completamente transformada, de pernas para o ar mesmo, pela ganância de enriquecer pela alquimia: ossos humanos transformados em ouro.

"Ensinava para vestir-se e comer. E todos que o conheciam desde menino admiravam-se que, ao infante galhardo dos seus primeiros anos, se houvesse substituído nele um rapaz macambúzio, isolado, amargo" – eis a descrição de Harakashy, o personagem cuja vida é contada pelo narrador neste conto de Lima Barreto. O autor o faz com boa dose de ironia, já que, na descrição da sociedade javanesa, faz referência às própria mazelas do meio universitário brasileiro de sua época.

No conto "Lívia", o leitor encontra um texto surpreendente no contexto da obra de Lima Barreto – um fluxo de consciência, onírico, centrado nos devaneios da pobre Lívia, a quem o amor foge junto com os pensamentos, por uma janela aberta. Já em "Uma vagabunda", o autor faz um retrato fiel da boemia carioca da virada do século, ao narrar um recorte da vida da personagem Alzira, pela voz do narrador, que com ela interage – e aprende.

Dos textos mais notáveis de Lima Barreto, o conto "O filha de Gabriela" narra a história de Horácio, órfão da empregada Gabriela, que é criado pela madrinha – ex-patroa de sua mãe –, Dona Laura. Taciturno, frágil, o protagonista encarna o mundo assustador das pessoas solitárias, trazendo questionamentos pungentes sobre o sentido da vida.

Este livro reúne cinco narrativas curtas de Lima Barreto, brilhantes na exploração cirúrgica que faz da sociedade brasileira de seu tempo, na brasilidade emergente tão bem caracterizada em suas palavras. São estes os contos aqui reunidos: "Falar inglês", "Um fiscal de jogo", "Manifestações políticas", "Na avenida" e "Rocha, o guerreiro".

O conto "O número da sepultura", de Lima Barreto, faz uma combinação inusitada dereflexões sobre o casamento com... o jogo-do-bicho! Conta-se aqui a história de Zilda, recém-casada com Augusto, escriturário de seu pai, que decide apostar todo o dinheiro do aluguel, que o marido lhe confiara, no dito jogo, na "cabra", por conta de um sonho que tivera com a avó.

Este livro reúne narrativas curtas de autoria de Lima Barreto, que trafegam entre o conto e a crônica. Com ironia e as demais características de sua genial escrita, ele versa sobre política, escravidão, entre outros temas. São estes os contos aqui reunidos: "Uma conversa", "A cartomante", "Na janela", "Despesa filantrópica" e "O caçador doméstico".

Três deliciosos contos de Lima Barreto aqui reunidos! "Eficiência militar: historieta chinesa" é pra lá de atual: trata da corrupção no exército chinês, com muita ironia, já que a preocupação dos comandantes gira em torno das aparências. Em "Três gênios de secretaria", uma crítica ácida é feita ao nepotismo no funcionalismo público; outra vez, uma narrativa de pungente atualidade. Por fim, "Quase ela deu o 'sim'; mas..." traz ao leitor um tema universal: o golpe do baú.

Este livro reúne seis narrativas curtas de autoria de Lima Barreto, que trafegam entre o conto e a crônica. Com ironia e as demais características de sua genial escrita, ele versa sobre política, escravidão, eleições, entre outros temas. São estes os contos aqui reunidos: "O anel de perdicas", "Os Kalogheras", "Conservou o fez", "Arte de governar", "Boa medida" e "Hóspede ilustre".

Dos mais famosos textos de Lima Barreto, "O Homem Que Sabia Javanês" traz ao leitor a história do personagem Castelo, que conta para o amigo Castro por que e como se tornou professor de uma língua... que nem sabia! Por quê? Necessidade de dinheiro. Como? É ler o conto e se deliciar com a narrativa.

No pungente conto "O Moleque", de Lima Barreto, o leitor conhece a história da personagem Felismina, mulher corajosa e batalhadora, que vive com o filho Zeca, cuja personalidade ímpar encontra eco no perfil da mãe. O enredo, que fica no entorno do cotidiano dos dois e suas interações com a sociedade que os cerca, prende o leitor do começo ao fim, brindando-o com um desfecho inesperado.

No conto "A barganha", o leitor encontra um retrato fidedigno das dificuldades dos imigrantes nos subúrbios das cidades brasileiras. Centrado em dois personagens, o português Manuel da Silva, vendedor de sardinhas, e o turco Miguel José, vendedor de santos, o texto faz ver que impera nesse cenário o atendimento das necessidades primárias das pessoas. Em "Uma conversa vulgar", por sua vez, Lima Barreto brilha ao concentrar-se do discurso em si, tendo por assunto a história de um rapaz que é abandonado pelo pai.

Um texto particularmente sensível a todos aqueles que amam os livros! Em "A biblioteca", o leitor encontra por enredo a história de Fausto Carregal, cujo item principal da herança recebida era uma rica biblioteca, com todos os livros do seu pai e também do seu avô.

Publicado originalmente no livro "Histórias e Sonhos", o conto "Agaricus auditae", de Lima Barreto, tem um traço de metalinguagem, já que traz para dentro da narrativa textos do livro escrito pelo personagem Alexandre Ventura Soares, pesquisador de Ciências Naturais. O significado da expressão latina que nomeia o texo? "Cogumelos auditivos." É ler e mergulhar nas reflexões do personagem.

Os três contos de Lima Barreto reunidos neste volume são oriundos do livro "Histórias e Sonhos", originalmente publicado em 1920. Apesar de ser bem-sucedido, o livro gerou inimizades para o autor, por conta da crítica à sociedade estampada em seus textos. São estes os contos aqui compilados: "Manel Capineiro", "O Único Assassinato de Cazuza" e "Milagre de Natal".